O mundo rural invadirá Lisboa no dia em que proibirem a tauromaquia
É com
enorme sentido de responsabilidade que defendo a Tauromaquia. Não o faço pela
mera polémica. Não o faço pelo soundbyte. Não o faço por ser saudosista.
Faço-o sim, porque nunca como hoje o Mundo Rural foi tão atacado em Portugal. E
o ataque às corridas de touros é um ataque da Cidade ao coração do Mundo Rural,
ao seu espírito, às suas luzes, às suas tradições, às suas histórias.
É um
ataque feito pelas mentes urbanas que se acham arautos de uma moralidade
superior, que estão acima dos outros. Que acham que quem não pensa como eles é
um provinciano primário. Que por eles Portugal seria Lisboa e o resto é
paisagem.
Nunca como hoje vivemos numa ditadura de pensamento único. Nós sabemos hoje que mais de 86% dos portugueses não são contra a existência de touradas. Nós sabemos que mais de 65% dos portugueses já assistiu a uma corrida de touros ou continua a assistir a corridas de touros, seja na televisão ou ao vivo! Nós sabemos hoje que 79% dos portugueses considera que gostar de touradas é uma escolha pessoal do indivíduo e que nada tem que se intrometer no Estado. As touradas são uma das marcas culturais distintas da cultura portuguesa, com um valor cultural e social inestimável.
A
primeira referência a uma atividade taurina em Portugal data de 1258, nas
Inquirições de D.Afonso III, onde se refere que D. Sancho I, o segundo rei de
Portugal, alanceou touros no Campo da Almoínhas. As touradas são uma das marcas
culturais distintas da cultura portuguesa, com um valor cultural e social
inestimável.
A
corrida de touros é, antes de mais, uma festa e por natureza um momento de
comemoração, onde a comunidade se reencontra e se recria. Praticamente todas as
corridas de touros acontecem em festas locais, e é aí que as touradas têm uma
importantíssima função social.
Em
Portugal, a cultura taurina está tão enraizada que não se imaginam as Festas da
Moita, de Alcochete, de Coruche, de Barrancos, de Vila Franca, de Abiúl, da
Ilha Terceira e tantas outras sem touros.
Qualquer
autarca de uma vila taurina se apercebe, em pouco tempo, da importância social
da “Festa Brava”. Não existe em Portugal festa tão transversal à sociedade como
a Festa Brava, permitindo assim cumprir a sua função social. As corridas de
touros atraem pessoas de variados estratos sociais, das mais variadas
ideologias políticas, das mais variadas idades e zonas geográficas.
Objetivamente
sobre o que é a Tauromaquia na opinião dos Portugueses, a Eurosondagem
publicou, em 2019, as seguintes estatísticas:
•
86,7% não é contra.
•
30,3% são aficionados.
•
22,7% não gostam, mas não aceitam que se retire a liberdade de escolha.
• 11%
são contra.
• 30%
dos jovens entre os 15 e 30 anos são aficionados.
•
50,5% dos portugueses já assistiu ao vivo a uma corrida de touros.
•
65,4% dos portugueses já assistiu ou assiste na TV às corridas de touros.
•
56,3% dos portugueses acham que as touradas contribuem para uma boa imagem do
país no estrangeiro.
•
73,1% dos portugueses acham que as touradas dão um contributo muito positivo ou
positivo para a economia e para o turismo.
•
70,5% dos portugueses acham que seria muito grave ou grave o
desaparecimento das touradas.
•
67,1% dos portugueses não votaria num partido que tomasse medidas proibitivas
sobre a tauromaquia.
•
84,9% dos portugueses não deixariam de comprar uma marca por estar associada à
tauromaquia.
•
79,7% dos portugueses acham que assistir a uma tourada é uma escolha pessoal e
que o Estado não deve decidir sobre a existência destas.
•
71,1% dos portugueses acham que a família é que deve decidir sobre a
assistência de menores de 18 anos às touradas.
Sabia
que existem 70 Praças fixas em Portugal, nas quais se realizam 200 a 250
espetáculos tauromáquicos por ano? Sabia que em 2019, 469.000 de espectadores
pagaram um bilhete para ir assistir a espetáculos tauromáquicos? Sabia que
muitos espetáculos de tauromaquia são de beneficência, cujos lucros se destinam
a apoiar instituições sociais, como Bombeiros, Associações de apoio a
deficientes, Associações infantis entre muitas outras?
Todos
os anos, realizam-se mais de 1.000 eventos anuais de tauromaquia popular de
rua. As tauromaquias populares movimentam mais de 3.000.000 de participantes
todos os anos, em Portugal.
Então,
com que legitimidade temos de levar com pessoas e partidos a dizer o que
podemos ou não podemos gostar? Com que legitimidade temos pessoas e partidos
que nos dizem o que é ou não é cultura?
Com
que legitimidade temos pessoas a dizerem-nos o que é ou não é civilizado? Eu
digo-vos que não têm.
Eu
digo que era o que faltava quererem impor-nos uma política de gosto
em Portugal. Era o que faltava quererem acabar com um espetáculo que é nosso.
Que é de pessoas de bem. Que pagam os seus impostos. Que contribuem para o
crescimento do país. Que vivem de acordo com o sentido máximo do que é ser
português. Que vivem as suas tradições que vêm das suas famílias, dos seus
antepassados e que passarão aos seus descendentes.
Quem
se julga esta gente para nos dar lições de moral? Quem são eles? Que percebem
eles do campo? Que percebem eles o que é isto de ter raízes rurais? Que
percebem eles deste espírito que é nosso, deste espírito que nos interpela ao
campo, ao mundo rural? Que nos faz querer estar ligados ao sítio que foi dos
nossos pais e avós, e que será dos nossos filhos e netos. Que percebem eles
desta cultura? Deste espírito intrínseco? Da coragem do homem de enfrentar as
adversidades?
Querem
que vos diga? Não percebem nada! Rigorosamente nada!
Se
acham que podem transformar a cultura, por decreto, de mais de 2 milhões de
espectadores televisivos da RTP e da TVI, desenganem-se. Se acham que algum
parlamento está mandato para determinar o que é ou não é cultura,
desenganem-se. Se acham que nos resignamos à vontade daqueles que querem impor
a sua vontade contra tudo e contra todos, desenganem-se.
O
Mundo rural invadirá Lisboa no dia em que proibirem a Tauromaquia, lutaremos
por um património que é nosso! Que nos pertence. Percebam que digo isto porque
quero defender este legado que me foi incutido e que quero incutir aos meus.
Não podem impedir o povo português de ser o povo português. Não podem impedir o
povo português de amar os Toiros. Não podem impedir o povo português de ir a
touradas.
Caro
leitor, a Festa Brava está viva! Está mais fulgurante do que nunca! E eu
lutarei sempre pela Cultura! Não nos calaremos perante os polícias do gosto.
Não nos calaremos perante estes golpes de secretaria que são feitos às
touradas. Não vão acabar com as touradas sob o pretexto da pandemia. E como diz
o povo: Pegamos sempre o touro pelos cornos. Estaremos cá para tudo!
Viva
a Festa Brava! Viva o Mundo Rural! Viva Portugal!
Publicado originalmente em: https://observador.pt/opiniao/o-mundo-rural-invadira-lisboa-no-dia-em-que-proibirem-a-tauromaquia/
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